Pretende-se com esta nova ideia dar resposta a um velho problema da cidade do Porto. Na zona ribeirinha, desde o cais da Estiva até à ponte D. Luís I, é fácil reparar que os cais são precipícios sem qualquer proteção.

Observam-se frequentemente crianças a passear de bicicleta ou a pé na ribeira, muitas famílias de turistas ou cidadãos que vão dar um passeio à beira rio e que não conhecem o local. Pessoas jovens e não tão jovens que em dias de maior afluência enchem a marginal. Este é, muitas vezes, um local de excessos alcoólicos (recorde-se o S. João, por exemplo) e de eventos diversos que atraem multidões.

 

Imagem da Ribeira do Porto

Por estas razões e por muitas outras, imprevisíveis, consideramos que a proximidade do rio e das zonas de precipício para o rio podem dar lugar a situações  indesejadas e bastante perigosas.

A nossa “ideia à moda do Porto” tem por objetivo tornar este local mais seguro e, principalmente,  dar um sentimento de segurança a quem por lá passa. Não se pode evitar que crianças e adultos saltem para o rio intencionalmente, mas podemos contribuir para evitar que caiam acidentalmente.

Foram inquiridas algumas pessoas na localidade sobre qual a sua opinião sobre o facto de os precipícios não terem qualquer proteção. As suas opiniões dividem-se. No  entanto,a perceção de insegurança (emocional e afectiva) falou muitas vezes mais alto na hora de tomar uma posição.

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“Ainda há bocado o meu neto andava mais ali pela beira e eu já estava a ficar toda preocupada. Até para mim, que ando com esta bengala é perigoso!” – Olinda Pinto, 87 anos.

 

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“Claro que acho que devia ter uma proteção, eu sou do Porto e já não vinha à ribeira há alguns anos e trouxe o meu filho a passear, mas até pensava que isto tinha um gradeamento mas pelos visto ainda não foi posto. Assim ele não pode sair da minha beira.” –  Olinda Azevedo, 53 anos.

 

 

Na generalidade, as pessoas inquiridas que frequentam diariamente a zona, porque são comerciantes, ou porque são moradores da Ribeira não sentem tanto a necessidade de uma proteção, mas admitem que para a proteção das crianças seria importante. Para eles o mais prioritário seria limpar, periodicamente, os acessos em rampa ao rio. Quando a maré baixa, estas rampas ficam cobertas de lodo, quem se aventurar e se aproximar da água irá escorregar.

 

Sr. Tastão

Sr. Tastão

“Não, acho que não faz muita falta uma proteção, isto sempre foi assim e não costumam cair pessoas ao rio. Vão parar muitas ao rio mas é porque escorregam no lodo das linguiças.” – Sr. Tastão.

 

Propomos então uma barreira que separe o espaço terrestre do rio, tornando possível as famílias passearem de forma descontraída pelo local, sem terem de se preocupar constantemente com a possível ocorrência de um acontecimento dramático.

As zonas de maior risco são as assinaladas no seguinte esquema:

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Não esquecendo que a Ribeira é Património da Humanidade, qualquer intervenção deverá ser bem pensada de forma a não prejudicar a genuinidade de um lugar tão emblemático.

Como solução foram discutidas várias opções: um gradeamento metálico, um muro de pedra, jardineiras ou uma rede horizontal que segurasse as pessoas caso caíssem.

 

A nossa preferência recai sobre a ideia do gradeamento metálico com algumas especificações a ter em atenção. Não poderá ser demasiado denso para não tapar as vistas, para não quebrar a sensação de amplitude atual, nem alterar muito a paisagem histórica. Terá que ser resistente a possíveis atos de vandalismo e capaz de suportar grandes esforços em eventos de grande afluência. Deverá ter uma cor neutra para não chocar na paisagem. O gradeamento, em algumas zonas, terá que ser amovível para não impedir a atracagem de barcos ou outras situações.

Sugerimos por isso que a grade esteja apoiada sobre uma dobradiça que possibilitará à mesma baixar, ficando pendurada e encostada à parede voltada para o rio. Noutras zonas, sugerimos a colocação de algumas floreiras suspensas no topo da grade para tornar a proteção mais bonita.

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Atendendo a que muitas pessoas se sentam no limite do cais correndo risco de queda, com um gradeamento isso já não será possível. Para que as pessoas se possam sentar próximo do rio  propomos que sejam colocados mais bancos junto ao mesmo.

Na figura acima, demonstração da altura máxima do gradeamento proposto.

Na figura acima, demonstração da altura máxima do gradeamento proposto.

 

Situações de queda no passado

Baseado nos relatos das pessoas que todos os dias trabalham na ribeira, conclui-se  que não ocorreram mortes nos últimos anos devido a quedas no rio. Todavia, já ocorreram alguns acidentes, principalmente em dias de grande afluxo de gente como foi na passada festa de S. João em que caíram pessoas que tiveram que ser socorridas.

 

Exemplos de proteções noutros locais semelhantes.

Por todo o mundo existem locais emblemáticos onde as  questões de segurança não foram esquecidas

Paris, margens do rio Senna:

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Londres, margens do rio Tamisa:

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Nova Iorque, margens do rio Hudson:

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Assim

Apesar de eventual resistência à colocação do gradeamento, a verdade é que este é plenamente justificado face à atual condição do Porto, cujas ruas se encontram todos os dias repletas de pessoas, e a zona da Ribeira não é, de todo, exceção a esta regra.

Minorando os efeitos visuais do mesmo, a zona ribeirinha não perderia qualquer elemento da envolvente que nos dias de hoje a tornam tão bonita e única.