Na ideia aqui apresentada, o “ foco” é a tentativa de captação de maior tempo de permanência de turistas nas ruas pedonais. O objectivo é que essas ruas consigam fomentar o interesse do turista ao ponto de estes quererem voltar muitas vezes à cidade do Porto e, principalmente, àquela zona da cidade.
Falha de Actualização
Nestes últimos anos, a Invicta, quanto a turismo, tem arrecadado bastantes distinções a nível internacional, sendo consecutivamente considerada um dos melhores destinos turísticos europeus e mundiais.
Contudo, a cidade parece não acompanhar, em certos aspectos, esta nova realidade.
Um dos “panoramas” mais simpáticos aos turistas é, sem dúvida, os momentos que estes passam a visitar as ruas tradicionais do Porto, visitando as lojas típicas e divertindo-se a assistir a espetáculos de rua.
Infelizmente, tais espetáculos são espontâneos, assim como o interesse dos turistas. Nada há de diferente ao que existia há uma década atrás. O elemento cativante, o factor-chave que deve “prender” muito mais a atenção dos turistas, simplesmente não existe.
Perspectiva
Assim, esta ideia propõe a utilização de uma técnica já utilizada além-fronteiras.
Simples( aliás, muito simples), mas extremamente eficaz, foi a solução encontrada para criar este ambiente mais cativante. Assente na relação “Rua Pedonal> Turistas> Artistas de Rua”, entendeu-se que existia um elemento comum a todos estes 3 elementos : os bancos públicos.
Efectivamente, estes bancos servem as ruas pedonais, em nada prejudicando a circulação das pessoas ou a atmosfera circundante. São, aliás, convidativos após um longo passeio pelas ruas da Invicta e imensas visitas às lojas tradicionais.
Assim, atraem pessoas de todas as idades e nacionalidades, criando um elemento “ captador” de pessoas, em que estas passam algum tempo neles sentadas, observando com maior interesse e em pormenor todas as valências que a rua pedonal tem a oferecer.
O chamariz, por agora insuficiente
Ora, as grandes mais-valias das ruas pedonais são as lojas típicas, os estabelecimentos de restauração( e as suas esplanadas, quando a meteorologia dá uma “ mãozinha”) e, obviamente, as animações próprias e únicas de cada uma.
Os artistas de rua usam técnicas variadíssimas para conseguirem “ arrancar” uns trocos aos que pela rua pedonal se passeiam: músicos, estátuas vivas e palhaços a brincar com balões são apenas alguns dos exemplos do que estes animadores fazem. Não raras vezes, tunas académicas e “ freestylers” de bola “ colada” ao pé também aparecem para tentarem a sua sorte.
Estes verdadeiros chamarizes de turistas conseguem, ao seu jeito, captar a atenção de praticamente todas as pessoas que pela rua pedonal passam. A grande maioria dos turistas pára, observa, grava para a posteridade e contribui com os seus cêntimos para a caixinha de dinheiro do artista de rua.
O elemento que faltava
Normalmente interessados, os turistas efectivamente disponibilizam algum do seu tempo para assistir ao espetáculo que à sua frente se desenrola.
No entanto, qualquer distracção, por mais pequena que seja, cria uma “ resistência” à atenção dos turistas. Estes perdem o interesse num instante, e tanto a rua pedonal como o artista saem prejudicados.
Assim, há a necessidade de “ prender” mais os turistas ao espetáculo.
A maneira mais simples e eficaz de o fazer é : sentá-los!
Ao dispor os bancos ao redor das zonas destes espetáculos, os turistas sentir-se-ão instintivamente tentados a neles se sentarem. No momento em que o espetáculo se inicia, a atenção do turista, cansado mas activo, é total.
A criação de um ambiente mais envolvente, em que o turista parece fazer parte do espetáculo, aliado ao conforto proporcionado pelo facto de estar sentado, são a receita perfeita para que o turista permaneça nesses bancos públicos até o espetáculo terminar.
Solução Eficaz
Este conceito, como já referido, foi experimentado fora de Portugal. O problema,uma vez identificado, foi resolvido com a atribuição de uma segunda mais-valia aos bancos públicos, em Filadélfia, nos Estados Unidos da América.
A substituição dos bancos públicos dispostos paralelamente em toda a extensão da rua pedonal, por bancos dispostos em forma de arco em zonas muito específicas dessas ruas pedonais, levou a que as pessoas ( turistas e habitantes locais) se sentassem nele e aproveitassem ao máximo o espetáculo de rua a que assistiam. Criou-se, assim, um “ mini-teatro” ao ar livre, conceito que resultou em pleno e motivou não só a que os artistas ficassem com as suas “ caixinhas” de moedas cheias, como resultou numa maximização do interesse dos turistas em voltar àquelas ruas, de modo a assistirem a outro espetáculo memorável.
Para saber mais sobre o conceito de “ bench bombing” aplicado em Filadélfia, E.U.A.
Porto e Turistas, uma relação cada vez mais próxima
Partindo de tudo o que foi dito anteriormente, é facilmente perceptível que o Porto, cidade cada vez mais visitada por pessoas de todo o Mundo, pode e deve melhorar todo e qualquer aspecto que possa valer-lhe mais uma vantagem sobre outras cidades mundialmente interessantes do ponto de vista turístico.
Como já referido, a relação entre a cidade ( neste caso, as zonas das ruas pedonais)e os turistas pode ser melhorada, mediante o aproveitamento de um factor bastante apelativo e já existente ( os artistas de rua). Para tal acontecer, basta apenas reorganizar um equipamento que, inclusivamente, também já existe ( os bancos públicos).
Assim, os custos inerentes a esta evolução são insignificantes, ( basta mover os bancos para determinadas zonas, mais concentrados, e dispô-los em arco em detrimento da posição paralela entre eles), uma qualquer equipa de manutenção de equipamentos da C.M.Porto pode, em uma ou duas tardes, realizar tal tarefa e praticamente sem custos adicionais para os cofres públicos.
Os benefícios, como já se disse, são a maior satisfação dos artistas de rua, dos comerciantes das zonas pedonais e, não menos importante, a maior satisfação dos turistas. É esta satisfação que fará a diferença entre o turista querer voltar à cidade ou não, é vivendo experiências diferenciadoras que o turista gastará mais dinheiro do que normalmente gasta.
Porque o turismo é o presente, mas igualmente o futuro da nossa cidade Invicta, pequenos detalhes como os desta ideia podem fazer grandes diferenças!
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